terça-feira, 23 de março de 2010

Lusitanos




Os lusitanos constituíam um conjunto de povos de origem indo-europeia, habitando a porção oeste da Península Ibérica (hoje grande parte de Portugal e da Extremadura espanhola).
A figura mais notável entre os lusitanos foi Viriato, um dos seus líderes no combate aos romanos. Outros líderes conhecidos eram Punicus, Cæsarus, Caucenus, Curius, Apuleius, Connoba e Tantalus.
Os antepassados dos lusitanos compunham um mosaico de diferentes tribos que habitaram Portugal e a Extremadura espanhola desde o Neolítico. Não se sabe ao certo a origem destas tribos, mas é provável que fossem oriundas dos alpes suíços ou mesmo nativas de Portugal. Miscigenaram-se parcialmente com os invasores celtas, dando origem aos lusitanos.
Entre as numerosas tribos que habitavam a Península Ibérica quando chegaram os romanos, encontrava-se, na parte ocidental, a dos lusitani, considerada por alguns autores a maior das tribos ibéricas, com a qual durante muitos anos lutaram os romanos.
Povos (populi) que constituíam os Lusitanos (Lusitani):
• Igaeditani
• Lancienses Oppidani
• Tapori
• Coilarni ou Colarni
• Lancienses Transcudani
• Aravi
• Meidubrigenses
• Arabrigenses
• Paesures
Estes são os povos descritos, na Ponte de Alcântara (CIL II 760).


Bronze de Alcántara, ou Tabula Alcantarensis, inscrição romana na Lusitânia
As principais inscrições foram feitas em território português em Lomas de Moledo e Cabeço das Fráguas; a outra inscrição procede de Arroyo de Cáceres (Extremadura, Espanha). Como exemplo segue-se a inscrição de Cabeço das Fráguas do século III d.C.:

INDI PORCOM LAEBO
COMMAIAM ICCONA LOIM
INNA OILAM VSSEAM
TREBARVNE INDI TAVROM IFADEM[...]
REVE TRE[...]»


Esta inscrição traduz-se habitualmente como: "[é sacrificada] uma ovelha a Trebopala, e um porco a Laebo, oferenda a Iccona Luminosa, uma ovelha de um ano a Trebaruna e um touro semental a Reve Tre[baruna(?)]".


Descrição linguística: As inscrições lusitanas (escritas em alfabeto latino) mostram uma língua celtóide facilmente traduzível e interpretável, já que conserva em maior grau a sua semelhança com o celta comum. A conservação do p- inicial nalgumas inscrições lusitanas, faz que muitos autores não considerem o lusitano como uma língua celta mas celtóide. O celta comum perde o p- indoeuropeu inicial. Por exemplo: "porc/om" em lusitano seria dito "orc/os" em outras línguas celtas como o celtibero, goidélico ou gaulês.
Para estes autores, o lusitano mais do que uma língua descendente do celta comum ,seria uma língua aparentada ao celta comum, ou seja, uma variante separada do celta mas com muita relação a ele.
Os lusitanos foram considerados pelos historiadores, como sendo hábeis na luta de guerrilhas, num determinado acontecimento quando chefiados por Viriato, livraram-se do cerco de Vetílio e perseguiram-no até ao desfiladeiro da Serra de Ronda, onde dispersaram as tropas romanas. Utilizavam como armas o punhal e a espada, o dardo ou lança de arremesso, todo de ferro, e a lança de ponta de bronze. É referido também que os lusitanos tinham o hábito de untar o corpo, tomavam banhos de vapor, lançando água sobre pedras ao rubro, e tomavam em seguida um banho frio e que comiam apenas uma vez por dia. O alimento mais característico era o pão de bolota ou glande de carvalho; bebiam leite de cabra e cerveja de cevada, reservando o vinho para as festas. As casas de pedra tinham forma redonda ou rectangular; eram cobertas de palha, e ficavam situadas no alto de morros ou colinas, agrupando-se em aldeias - os castros citados pelos historiadores antigos. Os grandes castros tinham muralhas defensivas feitas de grandes pedras, chegando a alcançar um quilómetro de perímetro. Os instrumentos musicais incluíam a flauta e a trombeta, com que acompanhavam seus coros e danças, de que os romanos nos deixaram algumas descrições. Os locais de culto funerários são sempre de grande interesse para os arqueólogos que se encontram por todo o território da antiga Lusitânia. Do período paleolítico conhecem-se cemitérios onde os corpos estavam dispostos com restos de alimentos, utensílios e armas; do megalítico abundam os dólmens, conhecidos em Portugal como antas, ou mamoas - porque os montículos de terra que se acumularam sobre eles, criaram essa forma arredondada.


Praticavam sacrifícios humanos e quando o sacerdote feria o prisioneiro no ventre, faziam-se vaticínios segundo a maneira como a vítima caía. Sacrificavam a Ares, deus da guerra, não só prisioneiros, como igualmente cavalos e bodes. Praticavam exercícios de ginástica como o pugilato e corridas, simulacros de combates a pé ou a cavalo: bailavam em danças de roda, homens e mulheres de mãos dadas, ao som de flautas e cornetas; eram tipicamente monogâmicos Usavam barcos feitos de couro, ou de um tronco de árvore.
As lutas dos lusitanos contra os romanos começaram em 193 a.C.. Em 150 a.C. o pretor Sérvio Galba, após ter infligido grandes punições aos lusitanos, aceitou um acordo de paz com a condição de entregarem as armas, aproveitando depois para os chacinar. Isto fez lavrar ainda mais a revolta e durante oito anos, os romanos sofreram pesadas baixas.
Esta luta só acabou com o assassínio traiçoeiro de Viriato por três companheiros tentados pelo ouro romano. Mas a luta não parou e para tentar acabá-la mandou Roma à Península o cônsul Décimo Júnio Bruto, que fortificou Olisipo, estabeleceu a base de operações em Méron próximo de Santarém, e marchou para o Norte, matando e destruindo tudo o que encontrou até à margem do Rio Lima. Mas nem assim Roma conseguiu a submissão total e o domínio do norte da Lusitânia só foi conseguido com a tomada de Numância, na Celtibéria que apoiava os castros de Noroeste.
Em 60 a.C. Júlio César dá o golpe de misericórdia aos lusitanos.

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